Entre os dias 13 e 15 deste mês, foi realizada a 2ª Cúpula EUA-África em Washington. O presidente estadunidense, Joe Biden; o secretário de Estado, Antony Blinken, e o secretário de Defesa, Lloyd Austin, participaram do evento, bem como os líderes de 49 países africanos e da União Africana. A declaração da Casa Branca dizia que a cúpula ressaltava o compromisso dos Estados Unidos de aprofundar seu relacionamento com a África. O governo de Biden também planeja investir pelo menos 55 bilhões de dólares na África nos próximos três anos.
No entanto, a reunião de três dias terminou em meio a controvérsias e “déficit de confiança”. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, os EUA relegaram a África às margens da sua estratégia global. Nos últimos anos, as relações EUA-África têm se deteriorado ainda mais. O ex-presidente norte-americano Donald Trump nunca visitou a África durante seu mandato e usou uma linguagem desagradável para descrever os países africanos, o que foi fortemente condenado no continente. Durante a pandemia, os Estados Unidos estocaram grande quantidade de vacinas, enquanto enviaram as quase vencidas para a África, o que foi criticado pelos países do continente como uma falsa “caridade”. Agora que os norte-americanos mudaram de repente sua atitude e afirmaram valorizar a África, é difícil para o povo africano não duvidar da sinceridade dos EUA.
A África está passando pela transição de uma economia tradicional para uma economia baseada no conhecimento, que necessita urgentemente de investimentos significativos para explorar seu potencial de desenvolvimento. É bom que os EUA, como o país mais desenvolvido do mundo, ajudem a África a se desenvolver. Mas, como muitos analistas têm apontado, a razão pela qual eles lançam seu olhar na África não é questão de consciência, mas principalmente considerações geopolíticas.
De fato, existe uma enorme distância entre o que os EUA dizem e o que realmente fazem em termos de ajuda à África. Alguém se pergunta se os EUA podem cumprir primeiro seus compromissos anteriores com a África? Na primeira cúpula EUA-África em 2014, o então presidente estadunidense, Barack Obama, se comprometeu a aumentar os investimentos no continente, incluindo o financiamento para combater a Aids, entre outras coisas. Mas mais tarde, o governo americano cortou a assistência financeira aos programas africanos de prevenção e tratamento da Aids e reduziu outros projetos de ajuda à África. Oito anos depois, os compromissos do governo de Biden com a África também são questionáveis.
O que é mais necessário para a África no momento é a ajuda sincera das grandes potências. Os EUA devem realmente respeitar a África e fazer coisas mais concretas para o continente.