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Novas rotas, lições e guias de ação

Por Maria Juraci Maia Cavalcante*

A China milenar vai tecendo com hábil diplomacia, paciência budista e sagacidade mercantil um novo Pacto global, disposto a estabelecer acordos e ganhos bilaterais em seus negócios e conquistas tecnológicas, contribuindo para a ampliação de corredores e vias de transporte por terra, ar e mar transcontinentais; a renovação ecológica do planeta e a paz global. Estamos diante de um fenômeno em viva ebulição, que chama atenção, em face de sua singularidade e surpreendente aparição, algo jamais imaginado por cientistas sociais do passado.

Enquanto isso, lamentavelmente, grande parte da imprensa ocidental insiste em enfatizar apenas a ameaça e incitação bélica dirigida por ideários de extrema-direita nazifascista e neoliberal, que iludem povos e nações com acenos de fechamento político, corte de políticas sociais, direitos e deveres dos indivíduos e ações estigmatizantes contra imigrantes em fuga de zonas empobrecidas e politicamente degradadas do mundo e povos acuados por invasões belicistas, as quais resultam da mesma ação imperialista americana.

Esta ação danosa e desesperada continua a aterrorizar uma grande parte do Ocidente e do mundo, a destruir a democracia tão duramente construída, em meio a guerras e horrores, entre os séculos XVIII e XX. O livro de Peter Frankopan As Rotas da Seda examina o significado histórico de um itinerário de comércio que, se foi importante no passado por ligar Ocidente e Oriente, vive agora a sua reconstrução e traz consigo uma nova ordem mundial.

Como instância colossal de poder comunicacional, cabe mais do que nunca aos jornais e redes sociais terem em vista que as novas rotas de comércio e indústria em ebulição oferecem caminhos e alternativas alvissareiras, com base em duro aprendizado de milhares de anos e podem muito bem definir o nosso futuro, para além de previsões catastróficas de destruição das culturas, de nações e reservas ambientais em escala global.

Nesse sentido, não é exagero supor que o conhecimento histórico é a melhor arma de que dispomos para não adoecer psiquicamente e sobreviver a tudo isso. É assim que entendemos o valor da História como ciência: um lugar de grandes lições e guias de ação.

(*) Juraci Maia Cavalcante. Socióloga e professora aposentada da Universidade Federal do Ceará (UFC).

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