Ícone do site CRI e Diario de Pernambuco

Próxima Cúpula de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico no Peru

A Apec é o principal fórum econômico da Ásia-Pacífico. Seu objetivo declarado é apoiar o crescimento econômico sustentável e a prosperidade na região. Trata-se de um esforço diplomático conjunto para formar uma comunidade dinâmica e harmoniosa, defendendo o comércio e o investimento livres e abertos, promovendo e acelerando a integração econômica regional e encorajando a cooperação econômica e técnica, com iniciativas que transformem objetivos de políticas em resultados concretos e acordos em benefícios tangíveis.

A Apec foi criada em 1989, quando 12 países da Ásia-Pacífico se reuniram para estabelecê-la. Os membros fundadores foram Austrália, Brunei, Canadá, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Singapura, Tailândia e Estados Unidos. A República Popular da China, Hong Kong (atualmente uma Região Administrativa Especial da China) e Taiwan da China aderiram em 1991. O México e a Papua-Nova Guiné, em 1993. O Chile aderiu em 1994. E, em 1998, o Peru, a Rússia e o Vietnã se juntaram, elevando o número total de membros para 21 países.

Desta vez, a 31ª reunião de cúpula da Apec será realizada no Peru de 13 a 15 de novembro. O país sediará a cúpula pela terceira vez, tendo sediado anteriormente em 2008 e 2016. O tema da edição desse ano é “Empoderar, Incluir e Crescer.” A reunião se concentrará na dimensão social do crescimento econômico e desenvolvimento e incluirá ao todo mais de 160 reuniões paralelas em cinco cidades peruanas.

As prioridades para a próxima Reunião de Cúpula da Apec incluem: i) comércio e investimento para crescimento inclusivo e interconectado, com foco em políticas comerciais abertas e inclusivas que facilitem o crescimento econômico em diversos setores, garantindo sustentabilidade no longo prazo; ii) inovação e digitalização para promover a transição para uma economia formal e global, por meio de plataformas e ferramentas digitais, e iii) crescimento sustentável para o desenvolvimento resiliente, o que envolve transições energéticas, descarbonização de atividades econômicas e aumento da segurança alimentar para fomentar a resiliência diante das mudanças climáticas e outros desafios globais e regionais.

Este ano, com a cúpula da Apec na América do Sul, uma janela se abre para consolidar alianças estratégicas e estabelecer diálogos efetivos sobre comércio, inovação e desenvolvimento sustentável. O fortalecimento dos laços com os países da Ásia-Pacífico permitirá ao Peru e outros países latino-americanos expandir oportunidades de exportação e atrair maiores investimentos, o que resultará em benefícios para setores-chave de suas economias e superação de tendências de estagnação econômica.

A propósito, a realização da Cúpula da Apec em Lima é realizada no momento em que um novo porto de US$ 3,5 bilhões, construído pela China em Chancay no Peru, está prestes a se tornar uma porta de integração do Brasil – a maior economia da América do Sul – com a Ásia-Pacífico, com potencial de alavancar suas exportações. Por ali, devem escoar rumo à Ásia desde materiais para a transição energética, como lítio, a alimentos e produtos manufaturados. Ao mesmo tempo, o megaprojeto bilionário deve encurtar em um terço o tempo médio que a produção brasileira leva para chegar à Ásia. A iniciativa chinesa em prol da integração entre a América do Sul e a Ásia tem despertado o interesse de empresas brasileiras e estrangeiras, pois tem o potencial de gerar novos negócios. Mas para tirar proveito disso, o Brasil precisará ampliar sua parceria com a China para melhorar sua infraestrutura de transporte ferroviário.

As 21 economias da Apec respondem por 62% da produção mundial, 48% do comércio de bens e serviços e 38% da população do planeta. Este ano, a região da Ásia-Pacífico deve manter um crescimento econômico estável, demonstrando resiliência diante da incerteza e dos desafios contínuos. De acordo com a última atualização, o PIB da região deve crescer 3,5% em 2024, praticamente mantendo a taxa de crescimento observada em 2023. No entanto, uma ligeira desaceleração é antecipada para 2025, com o crescimento que deverá diminuir para 3,1%, mas ainda acima das projeções anteriores de 2,9%.

Em seus 35 anos de existência, a Apec tem contribuído para a redução de tarifas e outras barreiras ao comércio na Ásia-Pacífico, levando à expansão do crescimento e do comércio inter-regional. Apesar da Cúpula da Apec se desenrolar num quadro global de dificuldades econômicas, a abertura continuada da China para os demais países da Ásia-Pacífico é um fato auspicioso. A recentemente concluída 136ª Feira de Importação e Exportação da China, realizada na província de Cantão (Guangdong) é uma demonstração do papel proativo do país na manutenção de oportunidades de ampliação do comércio para nações da Ásia-Pacífico e do resto do mundo e de importante reação ao protecionismo. Espera-se que esta próxima Cúpula da Apec contribua positivamente para superar desconfianças mútuas, dirimir divergências e propor iniciativas concretas a favor do livre comércio e do fortalecimento das cadeias globais de valor no espaço da Ásia-Pacífico.

Por José Nelson Bessa Maia, economista brasileiro, mestre em Economia e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador independente das relações China-Brasil, China-Países Lusófonos e China-América Latina.

 

 

 

Sair da versão mobile