Todo mundo sabe a barbaridade da hegemonia dos Estados Unidos na opinião pública—manipular a percepção para confundir o errôneo com o correto e imputar crimes falsos para arbitrariamente impor sanções. No recente capítulo do conflito palestino-israelense, os Estados Unidos tentaram exercer, mais uma vez, a hegemonia na opinião pública para fabricar uma narrativa difamatória para o Hamas e favorável a Israel. Afinal não funcionou, mas expôs a sua hipocrisia e duplo critério.
Manipulação de percepção rechaçada
Os Estados Unidos se calam ante a história da questão palestina, enquanto apregoam a definição do Hamas como organização terrorista e escusam o ataque de Israel em Gaza por contraterrorismo e autodefesa. As autoridades norte-americanas criam fake news para endossar Israel. Por exemplo, as alegações de ver pessoalmente imagens de “crianças israelenses decapitadas e baleadas” foram derrubadas por mídia porque nunca existiram tais imagens. As dúvidas sobre o número de mortes civis em Gaza anunciado pelo Hamas, foram rebatidas porque o departamento de saúde da Faixa de Gaza divulga detalhes de vítimas.
Ao igualar a oposição a Israel a antissemitismo e favor ao terrorismo, os Estados Unidos praticam chantagem moral, mas provocam repúdio veemente pela comunidade internacional. A Bolívia anunciou o rompimento de laços diplomáticos com Israel. Cerca de dez países, incluindo Turquia, Colômbia, convocaram o retorno dos seus embaixadores acreditados em Israel. Mesmo dentro do governo norte-americano, 500 oficiais exigem do Joe Biden a promoção de cessar-fogo com uma carta conjunta. Diversas cidades nos Estados Unidos e na Europa registraram protestos pró-Palestina em grande escala.
Duplo critério repudiado
O contraste entre as reações ao conflito palestino-israelense e à crise na Ucrânia reflete como os Estados Unidos têm dois pesos e duas medidas. John Kirby, coordenador do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos para comunicações estratégicas, parecia tão triste ao lembrar os mortos e feridos civis em Israel e na Ucrânia até se engasgou e precisou de suspender a transmissão ao vivo para se acalmar da indignação e deploração. Contudo, ele nem dispensou nenhuma gota de lágrima para a perda de vidas e a ocorrência de misérias na Palestina, e até usou como desculpa “a guerra própria é cruel” para desviar de assunto.
Os Estados Unidos exortam repetidamente a Rússia ao cessar-fogo e à retirada de tropas na Ucrânia, mas alega “o direito de autodefesa de Israel” para rejeitar o apelo para o cessar-fogo no conflito palestino-israelense. O rei Abdullah II da Jordânia e outras autoridades dos países no Oriente Médio rebateram que a condenação seletiva dos Estados Unidos fez com que o direito internacional perdesse o seu devido valor. A parte palestina condenou com veemência o veto dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU à resolução a exigir um cessar-fogo em Gaza. E acha que o veto reflete que Estados Unidos descartam a Carta da ONU à vontade, e é uma vergonha permanente para o país.
Hipocrisia exposta
Os Estados Unidos falam sempre da liberdade de expressão, mas rasgam o seu disfarce ao defender interesses próprios, oprimindo as declarações de apoio à Palestina. A nível global, os Estados Unidos e a União Europeia exigiram que o Facebook, o X, o TikTok e outras plataformas apagassem palavras favoráveis ao Hamas, abriram ainda investigação sobre jornalistas que apoia a Palestina. Isso revela a sua hipocrisia e duplos critérios.
Cada vez que só representante dos Estados Unidos levanta a mão na ONU para rejeitar o projeto de resolução para demandar o cessar-fogo entre Palestina e Israel, vaias da plateia soam como estalos de desabamento do farol de hegemonia dos Estados Unidos na opinião pública.
Passou o tempo em que poucos veículos de comunicação social do Ocidente eram capazes de encobrir a verdade. Chega o tempo em que a verdade pode vir à tona. A comunidade internacional, em particular o Sul Global, está tomando consciência do que fica por trás do disfarce dos Estados Unidos. A sobrevivência da hegemonia na opinião pública depende de apoio popular. Quando o perder, será o fim da hegemonia.
(O autor é um observador de assuntos internacionais com sede em Beijing)