Ignorando a forte oposição interna do país e da comunidade internacional, a Tokyo Electric Power Company (Tepco) iniciou na quinta-feira (2) a terceira rodada de descarga de água contaminada da usina nuclear de Fukushima no mar. Prevê-se que a operação de descarte da água radioativa durará até o dia 20 deste mês com emissões de cerca de 7,8 mil toneladas. A Tepco reivindicou que a concentração da substância radioativa trítio na água contaminada descarregada atende ao esperado. No entanto, há uma semana, ocorreu um acidente que ocasionou na pulverização de resíduos radioativos, fazendo com que dois funcionários fossem levados às pressas para o hospital.
Desde o acidente da usina nuclear de Fukushima há 12 anos, a Tepco teve demasiados escândalos de acidentes que foram informados de forma atrasada ou oculta. Várias pesquisas mostram que a água contaminada de Fukushima contém mais de 60 radionuclídeos. Com exceção do trítio, muitos nuclídeos não podem ser tratados por tecnologias eficazes. Para racionalizar sua conduta de descarga, o governo japonês e a Tepco têm reivindicado que a água poluída tratada pelo sistema avançado de processamento de líquidos (ALPS) corresponde ao padrão de segurança.
Isso é verdade? Dados publicados pelo Japão em março deste ano mostram que cerca de 70% da água contaminada nuclear tratada pelo ALPS não atende aos padrões de descarte e precisa ser purificada novamente.
Após o acidente que ocasionou a pulverização de resíduos radioativos, os funcionários de pesca de Fukushima disseram que já perderam a confiança na Tepco. Segundo informou a mídia japonesa, muitos altos funcionários do Japão se tornam consultores da Tepco depois de aposentados. Os profissionais da indústria de energia nuclear também trabalham no grupo de consulta política do governo. Por isso, as instituições reguladoras japonesas fecharam seus olhos aos delitos da Tepco.
Já se passaram mais de dois meses desde que o Japão começou a despejar a água contaminada no mar. O acidente mais recente demonstra a necessidade de estabelecer um mecanismo de monitoramento internacional eficaz e de longo prazo. Se o Japão realmente estiver confiante na segurança, deverá tratar da água poluída de forma responsável e apoiar o estabelecimento de um mecanismo de detecção por um longo período, com a participação suficiente de todas as partes envolvidas, incluindo um monitoramento por terceiros implementado de forma independente por outros países.
O oceano é o lar comum da humanidade. O mundo todo não deve pagar pelo egoísmo do Japão.