O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou nesta quarta-feira (9) uma ordem executiva que pretende restringir os investimentos de altas e novas tecnologias na China. O bloqueio abrange chips de computador avançados, microeletrônica, tecnologias de informação quântica e inteligência artificial.
A ordem de Biden poderá entrar em vigor daqui a um ano, e durante esse período, seu governo receberá feedback público e realizará ajustes.
No entanto, este sinal negativo já causou preocupação ao mundo. A Associação de Semicondutores dos EUA já anunciou que quer entrar nos principais mercados de todo o mundo, claro, incluindo a China. A Associação Nacional de Capital de Risco dos EUA também declarou que acompanhará atentamente o decreto para que este não cause resultados inesperáveis para os investimentos das empresas estadunidenses.
A mídia norte-americana revelou que a assinatura deste projeto de lei já demorou cerca de dois anos, o que reflete a disputa entre diversas forças nos EUA.
Primeiro, o decreto pode separar os capitais norte-americanos da China, a qual é uma fonte de inovação. Os dados mostram que um terço dos capitais de risco na China vem dos EUA. O jornal The New York Times comenta que para a China, nunca faltará investimentos, mas sem a China, será difícil para os EUA procurarem um outro mercado de alto retorno.
Um relatório divulgado em julho pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED) indica que em 2022, apesar dos investimentos estrangeiros diretos terem diminuído 12%, a China atraiu mais 5% de investimentos do que o ano anterior. Por isso, se os capitais dos EUA se retirarem da China, virão com certeza investidores de outros países.
O CEO da Intel, Patrick Paul Gelsinger, também disse que qualquer política que tente limitar a entrada da Intel na China diminuirá sua capacidade de produção e pesquisa nos EUA.
Segundo, este projeto de lei poderá danificar muito a cadeia industrial de suprimentos do mundo. Por exemplo, a produção de um chip avançado conta com mais de mil processos que exigem uma cooperação transfronteiriça de mais de 70 vezes. Portanto, o desligamento com a China, o maior mercado de chips do mundo, prejudicará os interesses das empresas relevantes dos EUA.
Enfim, os donos da Casa Branca não devem se entregar a “truques políticos”, mas sim, precisam ouvir a voz do setor industrial e fazer decisões responsáveis que respeitem as regras econômicas.