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China vs Estados Unidos: Quem Ri por Último? – A Arte da Guerra de Sun Tzu Já Diz

Estados Unidos veem China como o competidor principal e o desafio geopolítico mais sério, e querem “superar (outcompete)” a China em dez anos. Vamos averiguar com a Arte da Guerra, de Sun Tzu, para ver se o país norte-americano vencerá essa competição que ele próprio incita.

I

“Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo, lutará cem batalhas sem perigo de derrota; para aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo, as chances para a vitória ou para a derrota serão iguais; aquele que não conhece nem o inimigo e nem a si próprio, será derrotado em todas as batalhas.” – A Arte da Guerra 

Os Estados Unidos mal conhece a China, e mal conhece eles próprios.

A má avaliação de conseguir transformar a China. Imaginaram uma China que seguiria o roteiro estado-unidense para embarcar no caminho do capitalismo por meio da liberalização do mercado. O capitalismo não mudou a China, mas a China mudou o capitalismo.

A má avaliação da intenção estratégica da China. Preocupados com a crescente projeção da China no mundo, especulam a falsa narrativa de que a China é um adversário até um inimigo. Porém, os genes culturais e a trajetória histórica da China podem provar que esta não tem nenhum interesse em buscar hegemonia.

A má avaliação dos seus próprios problemas. Acreditam que podem resolver os próprios problemas através da supressão contra a China, mas a raiz da “doença americana” reside nas contradições internas irreconciliáveis devido à expansão do capitalismo. Nos Estados Unidos, o capital causa desindustrialização e esgarçamento do tecido industrial; concentração da riqueza em oligarcas e  polarização da renda; acumulação dos riscos financeiros sistêmicos e surgimento incessante de crises cíclicas e estruturais. A supremacia do capital também resulta em problemas sociais como violência armada e abuso de drogas, assim como faz o sistema democrático ao serviço de uma barganha oligárquica.

II

“As operações militares devem ser conduzidas para uma vitória rápida e não como campanhas prolongas.” – A Arte da Guerra 

A determinação e a luta do povo chinês desiludiram os Estados Unidos que imaginavam derrotar a China rapidamente.

Os Estados Unidos têm obsessão por guerras rápidas, mas pouquíssimas guerras na história cumpriram sua expectativa. Na Guerra da Coreia, o general Douglas MacArthur prometeu aos soldados americanos um “Natal em casa”, mas a guerra se estendeu por mais de dois anos e meio. Em 2003, o então secretário da defesa norte-americano previu o fim da Guerra do Iraque em cinco meses, mas até hoje o exército americano ainda não consegue se livrar. No Afeganistão, tendo permanecido por duas décadas, os Estados Unidos acabaram por colapso e se tornaram uma piada para o mundo.

Entre a China e os Estados Unidos há um jogo de longo prazo. Os Estados Unidos têm que admitir que o jogo se encontra na fase de empate. Comparada com os Estados Unidos, a China têm vantagens óbvias em termos de sabedoria histórica, modelo institucional e autoridade moral. Como disse o Presidente Mao Zedong, a nossa causa é justa e uma causa justa é invencível.

III

“A guerra é de vital importância para o Estado; é o domínio da vida ou da morte, o caminho para a sobrevivência ou a perda do Império: é preciso manejá-la bem.” – A Arte da Guerra 

Perante guerra, qualquer país tem que ser muitíssimo prudente, mas os Estados Unidos, ao invés de ser prudentes, são bélicos.

Muitas potências se acabaram por obsessão da guerra. O império Assírio – o primeiro país a estabelecer um sistema militar completo – adotava uma política expansionista militarista e tinha conquistado muitos terrenos como o oriente da Ásia Menor, Síria, Fenícia, e Palestina, e acabou destruído por revoltas porque guerras sucessivas provocaram a fúria do povo.

Desde a fundação dos Estados Unidos cerca de dois séculos e meio atrás, há apenas 16 anos em que o país não fica envolvido em guerras. A enorme despesa militar é a causa principal da sua crise da dívida. Os Estados Unidos gastam anualmente US$900 bilhões na área militar, equivalente a cerca de 40% do total global e mais do que a soma dos dez países colocados de segundo a décimo primeiro na lista de despesa militar. Será que os Estados Unidos conseguirão escapar da lei de que “o belicismo levará ao colapso”? O tempo dirá.

IV

“O tao, ou caminho, é o que faz com que as ideias do povo estejam de acordo com a de seus governantes. Assim, as pessoas irão compartilhar do medo e da aflição da guerra, porém, estarão ao lado dos interesses do estado, quaisquer que seja o caminho escolhido.”  – A Arte da Guerra 

Sun Tzu considera que o “caminho” determina o resultado da guerra. Mas, nos Estados Unidos de hoje, mesmo a união familiar pode ser quebrada por dissidências políticas, muito menos a união do país.

Nos Estados Unidos, não são novidades a polarização política, a clivagem social, o ódio racial, o antagonismo religioso e o conflito entre classes sociais. Todos os temas de interesse público estão em foco de debates intermináveis e são manipulados e instigados pelos políticos, incluindo políticas dos Partidos Republicano e Democrata, assuntos econômicos, crise da dívida, violência armada, aborto, imigração, igualdade entre homens e mulheres, entre outros.

Há quem ironize que os Estados Unidos são Estados Divididos. Muito menos da “guerra” contra a China, para onde os Estados Unidos chegarão no caminho da “guerra civil”? Vamos ver.

(O autor é um observador de assuntos internacionais em Beijing)

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