Na última quinta-feira (31), foi lançada na cidade chinesa de Yangzhou, na província de Jiangsu, a Associação de Mídia e Think Tanks do Brics, um mecanismo que reúne veículos de comunicação e instituições de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de representantes de outros países em desenvolvimento, caso do Egito.
A iniciativa da formação da aliança partiu da Academia de Estudos da China Contemporânea e o Mundo e do CICG Europe-Asia. O evento contou com jornalistas, acadêmicos e especialistas no local e algumas participações via vídeo, especialmente dos convidados no exterior, e integrou a programação do Seminário sobre Governança e Trocas Culturais do Brics, que ocorreu nos dias 30 e 31 de março, em Yangzhou.
Para o vice-presidente da China News Service, Wang Min, a Associação poderá explorar meios inovadores de se produzirem e de disseminarem notícias, especialmente encontrando espaços cada vez mais relevantes na mídia e garantindo cooperações com plataformas, a fim de ampliar o alcance dos conteúdos produzidos. A centralidade das novas mídias e da comunicação digital também foi defendida pela vice-diretora-geral da CGTN, Ma Jing, o que, segundo a executiva, requer esforços para garantir material de qualidade e atrativo para a audiência.
A Associação prevê aumentar o entendimento e a confiança mútuos através de princípios de abertura, transparência, solidariedade, assistência mútua, cooperação e desenvolvimento comum para ampliar discussões construtivas e garantir uma comunicação próxima sobre os principais temas internacionais. Para Yu Yunquan, presidente da Academia de Estudos da China Contemporânea e o Mundo, tratam-se de esforços de longo prazo que só terão êxito se realizados em conjunto.
Para além de promover a troca de informações, a Associação prevê a realização de atividades cooperativas entre os profissionais de mídia e os integrantes de think tanks associados, garantindo discussões acadêmicas com representantes dos países e ainda iniciativas conjuntas de reportagens, com equipes internacionais. A intenção é também promover a influência dos países do Brics ao garantir interação e aprendizado mútuos entre a academia e os jornalistas destes países.
O editor do jornal indiano Free Press, R. N. Bashkar, destacou a Associação como um local de defesa e promoção da voz do Brics, cujas informações serão preciosas na luta contra a desinformação. Para ele, ampliar informações a partir destes países é benéfico tanto para sua imagem quanto para seus povos. A diversidade das populações intra-Brics já é um testemunho da riqueza de informações que devem circular entre os profissionais, segundo diversos participantes do encontro.
Segundo o diretor do Setor de Informação dos Serviços Estatais de Informação do Egito, Abdelmoeti Abuzaid, que saudou a iniciativa, ela garantirá vozes diversas e trará mais qualidade à troca de informações. Para ele, diversos meios de comunicação chineses já têm acordos de cooperação com mídias egípcias, mas é importante aumentar a rede de trocas com outros países em desenvolvimento.
O Seminário sobre Governança e Trocas Culturais do Brics também testemunhou o lançamento da Associação de Artes Visuais do Brics, de uma pesquisa global sobre Governança do Brics, do lançamento de documentários produzidos nos países membros do Brics e da canção Together We Are (Estamos Juntos, em tradução livre), uma música que fala sobre a cooperação entre as nações que compõem o agrupamento.
A próxima cúpula do Brics está prevista para o final de agosto, na África do Sul.
Por Janaína Camara da Silveira, jornalista e mestre em Economia, à frente do projeto Radar China