O ativista de direitos humanos afro-americano Martin Luther King foi assassinado há 55 anos em Memphis, no estado do Tennessee, chocando o mundo. Cinquenta e cinco anos depois, na mesma cidade, Tire Nichols, um afro-americano de 29 anos, foi espancado até a morte por cinco policiais, provocando indignação nos Estados Unidos.
Entre a noite de sexta-feira (27) e esse sábado (28), manifestações foram registradas em dezenas de cidades norte-americanas. A Casa Branca ficou apreensiva. O presidente estadunidense, Joe Biden, publicou uma nota pedindo calma a todos os cidadãos.
Além disso, oficiais da Casa Branca tiveram uma reunião emergencial por telefone com 16 prefeitos avisando-os para se prepararem para eventuais reforços no sistema de segurança.
Quase três anos atrás, em 25 de maio de 2020, a morte de George Floyd, resultado da violência policial na aplicação da lei, provocou protestos de movimentos ligados ao “Black Lives Matter” (em português, Vidas Pretas Importam), que varreram o país.
O sistema policial dos EUA, desde então, sofre pressões por reformas drásticas, enquanto tragédias semelhantes à ocorrida com Floyd continuaram a ser registradas.
Em essência, o repetido “tratamento especial” de afro-americanos pela polícia dos Estados Unidos decorre do racismo profundamente enraizado na democracia americana.
Ao mesmo tempo, a polarização da disputa partidária interna tornou a reforma do sistema policial do país mais difícil. Além disso, a posse de armas e a violenta aplicação da lei por policiais constituem, em certa medida, um círculo vicioso.
O presidente dos EUA reconheceu recentemente, em um discurso, que o sonho de Martin Luther King de igualdade e justiça ainda não havia se materializado e renovou seu chamado para lutar pela “alma da América”.
Mas onde está a alma da América? Está no choro doloroso de Nichols?