Rio de janeiro – O Brasil recicla apenas 4% dos resíduos sólidos gerados no país, cifra muito inferior à de países com o mesmo nível de ingressos e de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que é de cerca de 16%, segundo dados da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA).
“Nossa taxa é quatro vezes menos que desses países. Devemos acelerar”, afirmou o presidente da Instituição, Carlos Silva Filho, que também é diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Em comparação com os países desenvolvidos, o caminho a seguir é ainda mais longo. Na Alemanha, por exemplo, a taxa de reciclagem alcança 67%. “O Brasil está 20 anos atrás desses países”, disse Silva Filho.
Embora o país tenha um grande potencial para aumentar a reciclagem, vários fatores mantêm essas taxas paralisadas, começando pela falta de conscientização e compromisso dos consumidores na separação e eliminação seletiva dos resíduos.
Também há que se destacar a falta de infraestrutura das prefeituras para que esses materiais voltem ao ciclo produtivo, com potencial de recuperação.
“Faltam unidades de eliminação separada, de coleta seletiva; faltam unidades de classificação e, por último, eu diria que falta uma estrutura fiscal que permita que este material reciclado seja atraente para a indústria”, explicou Silva Filho.
Os materiais secos recicláveis representam 33,6% do total de 82,5 milhões de toneladas anuais de resíduos sólidos urbanos produzidos durante o período da pandemia, nos anos de 2020 e 2021.
Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos 2021, divulgado pela Abrelpe, no Brasil são produzidas 27,7 milhões de toneladas anuais de resíduos recicláveis.
Embora os materiais secos recicláveis tenham ampliado sua participação no total dos resíduos sólidos urbanos (de 31,7% em 2012 para 33,6% na última pesquisa), a fração orgânica segue predominando como principal componente, com 45,3%, o que representa um pouco mais de 37 milhões de toneladas/ano.
Segundo a pesquisa, os resíduos secos recicláveis são principalmente plásticos (16,8%, com 13,8 milhões de toneladas/ano), papel e cartão (10,4%, ou 8,57 milhões de toneladas anuais), vidro (2,7%), metais (2,3%) e embalagens (1,4%).
Os resíduos orgânicos, por sua vez, correspondem a 14,1% do total e incluem, sobretudo, materiais sanitários não recicláveis. Em relação às demais frações, a pesquisa mostra que os resíduos têxteis, de couro e de borracha são 5,56% e ouros resíduos,1,4%
Segundo o estudo da Abrelpe, foram registradas iniciativas de coleta seletiva em mais de 74% dos municípios brasileiros, mas ainda de forma incipiente em muitos lugares, o que reflete na sobrecarga do sistema de disposição final e na extração de recursos naturais, muitos já próximos do esgotamento.
A pesquisa mostrou que quase 1.500 municípios não têm nenhuma iniciativa de coleta seletiva.