Rio de Janeiro – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu nesta terça-feira no Palácio do Planalto o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, com quem discutiu assuntos bilaterais e globais, antes da participação do norte-americano em uma reunião de chanceleres do G20 no Rio de Janeiro.
Não houve entrevista à imprensa depois do encontro, que durou quase duas horas, mas em uma breve declaração na saída, Blinken disse que os dois países trabalham juntos de forma bilateral e global e se mostrou agradecido pela “amizade” com o Brasil.
“Foi ótima reunião. Sou muito grato ao presidente pelo seu tempo. Os Estados Unidos e o Brasil estão fazendo coisas muito importantes juntos, estamos trabalhando bilateralmente, regionalmente, mundialmente. É uma parceria muito importante e somos gratos pela amizade”, destacou o secretário de Estado dos EUA.
Em nota, o Palácio do Planalto disse que Lula reafirmou seu desejo pela paz e fim dos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza, e que “ambos concordaram com a necessidade de criação de um Estado Palestino”.
Segundo o Planalto, também foram abordados os principais temas da agenda bilateral e internacional, em particular a do G20.
“O presidente e o secretário abordaram temas como a iniciativa para trabalho decente lançada por Lula e Biden em setembro do ano passado à margem da Assembleia Geral da ONU, e a cooperação dos dois países na área ambiental, transição energética, fóruns empresariais e de infraestrutura. Blinken informou que os EUA estudam realizar novo aporte para o Fundo Amazônia”, diz a nota.
Segundo o governo dos EUA, Blinken transmitiu a Lula “o apoio dos Estados Unidos à presidência brasileira do G20; à reunião de chanceleres dos países do G20 que se realiza no Rio de Janeiro; à aliança Brasil-EUA pelos direitos dos trabalhadores e à cooperação na transição para energias limpas”.
No começo da reunião, Lula e Bliken conversaram brevemente sobre as eleições presidenciais de novembro próximo nos Estados Unidos.
Outros temas que estavam previstos eram o conflito entre Israel e Hamas, a situação na Faixa de Gaza, a guerra na Ucrânia e a situação na Venezuela.
No domingo passado, Lula da Silva comparou os ataques de Israel contra os palestinos em Gaza com o massacre perpetrado pela Alemanha nazista contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
A afirmação provocou uma crise diplomática com Israel, com o governo israelense declarando Lula como “persona non grata” até que se retrate, além da publicação nas redes sociais de ofensas contra o presidente brasileiro, enquanto o governo brasileiro convocou seu embaixador em Tel Aviv para consultas.
Segundo informações divulgadas pela imprensa local na reunião, Lula e Blinken conversaram sobre o conflito, expondo pontos diferentes de vista, mas não houve qualquer menção norte-americana sobre uma retratação por parte do presidente brasileiro. O secretário, também, não respondeu a perguntas dos jornalistas sobre o assunto.
Ao deixar o Palácio do Planalto, Blinken viajou para o Rio de Janeiro para participar da reunião de chanceleres do G20, iniciada nesta quarta-feira.