Haia/Berlim – Há oito meses, Ben Malawau, um holandês com mais de 30 anos de experiência em dirigir, decidiu trocar de carro. Foi aí que ele saiu para testar novos veículos elétricos (VEs).
Depois de só 30 minutos do seu quinto test drive – esse último em um Atto 3 da fabricante chinesa de veículos elétricos BYD – o “motorista experiente” de 59 anos tomou sua decisão, concluindo semanas de pesquisa e escolhas.
Malawau disse que sua primeira visita ao showroom da BYD em Rotterdam foi o resultado de uma recomendação de um colega chinês e do seu conhecimento prévio da tecnologia avançada de baterias da BYD. O Atto 3 causou uma ótima impressão em Malawau em termos de desempenho, características e relação custo-benefício, fazendo com que ele escolhesse esse modelo para ser seu décimo carro.
“Gostamos do carro por causa da tela grande do painel. Tudo em seu devido lugar, é muito fácil e confortável de dirigir”, disse Malawau, descrevendo o modelo como o de “melhor qualidade e funcionalidade por um bom preço”, que a família inteira adorou.
O Atto 3 mostra a tendência crescente no design chinês de veículos de nova energia (VNE), caracterizado pela integração de sistemas avançados de assistência ao condutor e recursos digitais como sistemas de entretenimento e informação. Estas melhorias elevam notavelmente a experiência de condução, fazendo com que elas sejam um fator essencial para atrair os consumidores europeus.
Em janeiro, Malawau lançou um grupo no Facebook para proprietários do Atto 3, que atualmente já tem mais de 300 membros. “Todos os dias compartilhamos nossas experiências com o veículo. Estamos todos satisfeitos”, disse ele.
Malawau e seus amigos on-line estão entre os primeiros a ver o crescimento das vendas chinesas de VNEs nos mercados internacionais, especialmente na Europa.
Dados da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis revelaram que de janeiro a julho deste ano, a China exportou 636.000 VNEs, um aumento de 150% em relação ao ano anterior.
De acordo com a consultora automóvel francesa Inovev, os VEs chineses representam 8% de todos os novos VEs vendidos na Europa este ano, marcando um aumento constante de 6% em relação ao ano anterior e 4% em 2021.
Reconhecendo os benefícios dos fabricantes de automóveis chineses, como a rápida inovação tecnológica e desenvolvimento de software, além da rápida entrada setor dos veículos elétricos, Ferdinand Dudenhoeffer, diretor do CAR Center Automotive Research Duisburg, com sede na Alemanha, considerou que “nos próximos cinco a dez anos, muitos veículos elétricos chineses e veículos de novas energias estarão pelas estradas da Europa”.
Ao mesmo tempo que ganham gradualmente o reconhecimento dos consumidores na Europa, os fabricantes chineses de veículos elétricos estão elaborando suas próprias abordagens para estabelecer parcerias locais e redes de negócios.
Desde outubro de 2022, a BYD fez parceria com a empresa holandesa Louwman Group para lançar concessionárias na Holanda. Até agora, entregaram efetivamente mais de 700 carros elétricos BYD, com dois showrooms operando nas duas maiores cidades do país, Amsterdã e Rotterdam, e um adicional em construção em Eindhoven, um centro de alta tecnologia e design.
Para o presidente da Louwman, Eric Louwman, a BYD deveria ser definida não apenas como uma marca chinesa, mas como um player global com alto nível tecnológico, boa qualidade e o apoio de serviços de um parceiro local.
Outra startup chinesa de veículos elétricos, a NIO, adotou uma estratégia diferente, direta ao cliente, sem optar pelos varejistas intermediários. Naturalmente, gerar interesse nos clientes e criar recursos vendáveis é muito relevante para a startup.
“Se você quer se tornar uma grande empresa automobilística, o mercado europeu é um desafio do qual você não pode fugir”, disse à Xinhua, Chen Chen, diretor-gerente de desenvolvimento de negócios europeus da NIO. “Mas o mercado na Europa é muito diferente do que há na China”.
Situado na avenida Kurfurstendamm de Berlim – um local icônico onde moradores e visitantes se reúnem para saber sobre as últimas novidades em moda e itens de design – o showroom inaugural da NIO na Alemanha poderia facilmente ser confundido com um espaço para co-working, uma galeria de arte ou um café.
Servir como o primeiro ponto de contato essencial com os clientes, o showroom, desde a localização até o design, foi cuidadosamente adaptado ao mercado local. “Queremos que a população daqui visite nosso local como destino de lazer”.
Comprometida com a localização eficaz e com a busca por modelos de negócios inovadores, a NIO lançou uma iniciativa chamada “Battery as a Service” (Serviço de Baterias, em tradução livre), que é apoiada pela sua rede em expansão de estações de troca de baterias. A marca permite que o consumidor compre um carro separado da bateria com uma estrutura de pagamento mais flexível. Simultaneamente, os usuários podem assinar “pacotes de bateria” para ter acesso à estação de troca de energia e aos serviços de atualização de bateria da NIO.
Para a entrevista à Xinhua, Chen dirigiu de Amsterdã a Duesseldorf em um NIO EL7, um veículo utilitário esportivo elétrico e compacto. Graças ao serviço de troca de baterias da NIO, ele pode fazer a viagem de ida e volta de 500 km em um dia sem precisar recarregar o veículo.
Atualmente, 98% dos clientes europeus da NIO escolhem alugar baterias e aproveitar as vantagens do serviço rápido de troca de baterias, disse Chen.
Embora a NIO tenha feito uma rápida entrada nos mercados alemão, holandês, sueco e dinamarquês desde sua estreia no mercado europeu através da Noruega em 2021, seus modelos ainda são relativamente escassos nas ruas. No entanto, Chen enfatizou: “Não estamos com pressa”.
“As pessoas na Europa compram carros há gerações. Precisamos de ser pacientes para nos tornarmos a nova escolha delas”, disse ele.
A confiança dos fabricantes chineses de veículos elétricos nas suas perspectivas é reforçada por uma comunidade de proprietários de automóveis europeus e especialistas da indústria, que estimam um maior crescimento no mercado europeu para marcas chinesas de veículos elétricos, incluindo BYD, NIO, Xpeng, Hongqi ou Lynk & Co.
“Vou continuar com a BYD pelos próximos anos, estou muito confiante e satisfeito com a empresa”, disse Malawau.
