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Republicanos e Democratas continuam disputa acirrada com prazo de inadimplência da dívida americana chegando

Republicanos e democratas estão longe de um acordo depois que uma reunião de alto nível sobre o teto da dívida não avançou na terça-feira.

A crise do teto da dívida dos EUA, resultado recorrente do receio político, pode trazer consequências catastróficas para a economia dos EUA e das economias mundiais, de acordo com economistas e observadores.

Beijing — Republicanos e democratas estão longe de um acordo depois que uma reunião de alto nível sobre o teto da dívida não avançou na terça-feira, podendo causar uma inadimplência da dívida já alertada por economistas que poderia prejudicar a economia dos EUA e gerar uma crise financeira no país.

Os republicanos propõem cortes de gastos em troca do aumento do limite de empréstimos. O presidente dos EUA, Joe Biden, e os democratas, pedem que o Congresso aprove um aumento “limpo” do teto da dívida sem requisitos.

“Nas últimas semanas, há muita política, posições e jogos. Isso continuará por um tempo”, comentou Biden após a reunião.

O JOGO DE APONTAR CULPADOS

A reunião ocorreu cerca de uma semana depois que a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, alertou que “não serão mais possíveis” tomar “medidas extraordinárias” para manter as contas do governo pagas a partir de 1º de junho.

Isso marcou a primeira conversa substancial do presidente com líderes republicanos sobre a crise do teto da dívida desde fevereiro, embora ambos os lados não tenham resolvido as diferenças mesmo com o prazo chegando.

“Todos nesta reunião mantiveram suas opiniões, não teve nenhuma nova”, disse o presidente republicano da Câmara, Kevin McCarthy, criticando o presidente por ficar 97 dias “sem marcar uma reunião”.

Em janeiro, o país já havia atingido seu limite de dívida de 31,4 trilhões de dólares americanos, estabelecido em dezembro de 2021, fazendo com que o Departamento do Tesouro usasse manobras contábeis conhecidas como “medidas extraordinárias” para o pagamento das dívidas do governo, como restringir alguns investimentos.

Na época, o secretário do Tesouro dos EUA estimou que era “improvável” que o dinheiro e as medidas extraordinárias acabassem antes do começo de junho. Depois de revisar as receitas fiscais federais recentes, ela estimou na semana passada que a “tal data” poderia ser 1º de junho.

Democratas e republicanos, que travam uma disputa acirrada há meses, pouco progrediram para fechar um acordo, e ficam se culpando por esse impasse.

“Somos os únicos a aprovar um plano”, disse McCarthy em entrevista coletiva anteriormente, referindo-se a um projeto de lei aprovado pelos republicanos da Câmara no final de abril, que aumenta o limite da dívida em 1,5 trilhão de dólares ou até 31 de março, o que vier antes, enquanto reduz o financiamento para agências federais e limita o crescimento dos gastos do governo. O projeto de lei também revogaria alguns incentivos fiscais para energia renovável, uma das políticas de assinatura de Biden.

“Acho que agora cabe a vocês decidirem se a economia terá problemas, apenas a vocês. Os republicanos aumentaram o limite da dívida, e vocês não”, disse o líder republicano na Câmara.

Biden, em uma reunião com membros do gabinete e outras autoridades econômicas na semana passada, disse que os republicanos estão “tentando usar a dívida como forma de fazê-los concordar com alguns cortes severos, complicados e prejudiciais”.

O presidente dos EUA, Joe Biden, durante evento na Casa Branca em Washington, D.C., Estados Unidos no dia 24 de abril de 2023. Foto: Schwartz/Xinhua

Como os dois lados estão procurando culpados, os americanos estão divididos sobre quem será o responsável se o governo federal eventualmente deixar de pagar suas dívidas.

De acordo com uma pesquisa recente da ABC News/Washington Post, 39% dizem que culpariam principalmente os republicanos no Congresso, enquanto 36% dizem que culpariam principalmente Biden. Dezesseis por cento dizem que culpariam ambos.

Um confronto do teto da dívida, que deixou os investidores em pânico, não é novidade no Capitólio. Impasses semelhantes ocorreram em 2011 e 2013, quando os republicanos exigiram cortes de gastos nas negociações do teto da dívida no governo do presidente Barack Obama, quando Biden era vice-presidente.

Mas a dívida crescente dos Estados Unidos resultou de escolhas feitas tanto por republicanos quanto por democratas nas últimas décadas, de acordo com um relatório recente do The New York Times.

Desde 2000, os políticos de ambos os partidos “tiveram o hábito” de pedir dinheiro emprestado para financiar guerras, cortes de impostos, expansão dos gastos federais, assistência para a geração baby boomer e medidas de emergência para ajudar o país a aguentar duas recessões, segundo o relatório.

CATÁSTROFE ECONÔMICA

A crise do teto da dívida dos EUA, resultado recorrente do receio político, pode trazer consequências catastróficas para a economia dos EUA e das economias mundiais, de acordo com economistas e observadores.

“Aprendemos com os impasses anteriores sobre o limite da dívida que esperar até o último minuto para suspender ou aumentar isso pode causar sérios danos à confiança das empresas e dos consumidores, aumentar os custos de empréstimos de curto prazo para os contribuintes e impactar negativamente a classificação de crédito dos Estados Unidos”, disse Yellen em uma carta a McCarthy em 1º de maio.

Em uma entrevista no começo deste ano, Yellen alertou que os efeitos da inadimplência da dívida dos EUA podem ser tão amplos quanto uma crise financeira global.

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, testemunha em audiência do Comitê de Assuntos Bancários, Habitação e Urbanos do Senado em Washington, D.C., Estados Unidos, no dia 28 de setembro de 2021. Foto:Matt McClain/Divulgação

O secretário do Tesouro dos EUA provavelmente está certo “ao considerar o tamanho do mercado de dívida do governo dos EUA e o papel importante que desempenha como ativo livre de risco no sistema financeiro mundial”, disse à Xinhua o membro-sênior do American Enterprise Institute e um ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI), Desmond Lachman.

“A inadimplência da dívida americana causaria um impacto muito negativo na economia dos EUA e nas economias mundiais”, disse Lachman, citando que isso torna provável que algum acordo seja fechado por Biden e McCarthy, mesmo que esse seja “de última hora”.

“Parece provável que, até que esse acordo seja fechado, poderemos aumentar a volatilidade do mercado à medida que os participantes do mercado considerem que um default poderia ocorrer”, disse Lachman.

O investidor bilionário Warren Buffett, presidente e CEO da Berkshire Hathaway, disse recentemente que não consegue imaginar o governo dos EUA permitindo que “o teto da dívida cause problemas globais”.

Os líderes do Congresso se reunirão novamente com Biden na sexta-feira. Ele deve discursar na quarta, onde provavelmente atacará os republicanos sobre essa questão do teto da dívida.

“Washington está correndo contra o tempo antes de atingirmos o limite da dívida”, disse Maya MacGuineas, presidente do grupo de vigilância orçamentária do Comitê para um Orçamento Federal Responsável, citando que “até mesmo correr riscos sobre isso é perigoso”.

“Precisamos aumentar o limite da dívida o quanto antes, sem obstáculos e sem sérios riscos de inadimplência. Ameaçar não pagar ou ultrapassar isso é o cúmulo da irresponsabilidade”, disse MacGuineas.

“Os legisladores precisam abordar isso como uma equipe e trabalhar juntos como líderes de um país”, acrescentou ela.

Renato Almeida

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