Por Teddy Kaberuka
A economia chinesa registou um crescimento notável ao longo de várias décadas, com uma taxa média anual de crescimento do PIB superior a 9%. Milhões de pessoas foram tiradas da pobreza. Durante esse período, o PIB aumentou rapidamente de 149,55 bilhões de dólares americanos em 1978 para 14,34 bilhões em 2019, e também foram registradas melhorias significativas no acesso à saúde, à educação e a outros serviços.
Essa transformação econômica tem efeitos profundos não só na China, mas também na economia global. Através da rápida industrialização, urbanização e avanços tecnológicos, a China emergiu como um interveniente fundamental no cenário econômico global. O robusto setor industrial da China foi motor da sua expansão econômica.
Aproveitando sua vasta força de trabalho e os baixos custos de produção, a China emergiu como a fábrica do mundo, misturando vários bens que vão desde a eletrônica de consumo até à maquinaria pesada. Este processo de produção impulsionou o crescimento impulsionado pelas exportações e gerou oportunidades de emprego em grande escala. À medida que a China continua expandindo sua influência na cena mundial, suas atividades econômicas se estendem cada vez mais para além das suas fronteiras, incluindo o continente africano.
COMÉRCIO E INVESTIMENTO CHINA-ÁFRICA
O envolvimento econômico da China com a África cresceu exponencialmente ao longo das últimas décadas, a tornando o maior parceiro comercial da África. O comércio bilateral entre a China e a África aumentou, impulsionado pela procura da China por recursos naturais e pela exportação de produtos acabados, além da necessidade da África em termos de desenvolvimento de infraestruturas e investimento. Essa relação mutuamente benéfica impulsionou o crescimento econômico e o desenvolvimento em muitos países africanos e não só criando oportunidades para a geração de emprego, industrialização e redução da pobreza.
A China se tornou o maior parceiro comercial da África, com o comércio bilateral a atingir 282,1 bilhões de dólares americanos em 2023, de acordo com os mais recentes dados aduaneiros chineses. O investimento no valor de 21,7 bilhões de dólares em 2023 faz parte da estratégia econômica mais ampla da China para garantir o acesso aos recursos, abrir novos mercados e promover laços diplomáticos com as nações africanas. Além disso, a China investiu em indústrias extrativas, como a mineração e a produção de petróleo, muitas vezes em troca de acesso aos recursos naturais.
Além disso, as empresas chinesas estabeleceram instalações de produção na África, criando empregos e transferindo tecnologia para as economias locais. Os investimentos nos setores das telecomunicações, finanças e outros serviços também foram notáveis.
DESENVOLVIMENTO DE INFRAESTRUTURA
A China tem se envolvido fortemente no financiamento e na construção de projetos de infraestruturas em todo o continente africano para melhorar as redes de transporte, as rotas comerciais e a integração econômica através da Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR), lançada pela China em 2013.
A ICR da China se tornou um pilar da sua diplomacia econômica, com o objetivo de melhorar a conectividade e promover a cooperação econômica em toda a Ásia, África e Europa. A ICR levou a investimentos significativos em projetos de infraestruturas, como estradas, ferrovias, portos e instalações energéticas na África. Esses investimentos melhoraram a conectividade dentro e entre a África e outras regiões, facilitando o comércio, o investimento e a integração econômica. Os países africanos se beneficiarão de infraestruturas melhoradas, que incentivam o crescimento econômico, facilitam o comércio e atraem investimento estrangeiro.
CONSTRUÇÃO DE CAPACIDADE
O envolvimento da China com a África também se estende à assistência ao desenvolvimento e ao reforço de capacidades. Através de iniciativas como o Fórum de Cooperação China-África, a China fornece ajuda, subvenções e empréstimos concessionais para apoiar projetos de infraestruturas, cuidados de saúde, educação e desenvolvimento agrícola na África. Além disso, a China oferece bolsas de estudo e programas de formação para profissionais africanos, melhorando o desenvolvimento do capital humano e promovendo o desenvolvimento sustentável a longo prazo.
Na perspectiva da China, a humanidade divide um interesse comum no desenvolvimento, e a estabilidade e a prosperidade mundiais só podem ser alcançadas se os países em desenvolvimento conseguirem progredir. Portanto, a China procura uma comunidade global com futuro compartilhado. Através da colaboração internacional, a China ajudou outros países em desenvolvimento a mitigar o impacto da pandemia, a acelerar a ação para a Agenda 2030 da ONU e a alcançar a prosperidade comum.
IMPACTO ECONÔMICO GLOBAL
O crescimento econômico da China tem implicações reflexivas para a economia global. Sendo o maior exportador mundial e o segundo maior importador, a China é fundamental nas cadeias de abastecimento globais, na transferência de tecnologia e nas redes comerciais. Sua robusta procura interna impulsiona a procura de bens e serviços em todo o mundo, apoiando o crescimento econômico e a criação de emprego nos países exportadores. Com enormes fábricas e elevada procura de matérias-primas, a China é o maior produtor mundial de bens e um grande comprador de produtos como petróleo e metais. Isso significa que o que a China quer afeta os preços e a oferta em todo o mundo, impactando a forma como o comércio funciona e como as coisas são feitas.
Para a África, a expansão econômica da China gera oportunidades. A procura da China por matérias-primas, como petróleo, minerais e produtos agrícolas, proporcionou aos países africanos mercados de exportação lucrativos, contribuindo para o crescimento econômico e o desenvolvimento de infraestruturas.
A crescente influência econômica da China levou a apelos a reformas nas instituições financeiras internacionais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, para melhor refletirem a mudança do equilíbrio do poder econômico e a coordenação nas questões econômicas globais, contribuindo para uma economia global mais inclusiva e equitativa. Isso ajuda outros países a crescer e dá à China mais poder em questões monetárias globais, fazendo sentir sua presença nas finanças e no comércio internacionais.
O crescimento robusto da economia chinesa está transformando a África e moldando o cenário econômico global. Através do comércio, do investimento, do desenvolvimento de infraestruturas e do reforço de capacidades, o envolvimento da China com a África promove o crescimento econômico, reduz a pobreza e promove o desenvolvimento sustentável. Além disso, a integração da China na economia global aumenta a estabilidade, a prosperidade e a cooperação, reforçando sua posição como um motor crítico do crescimento e desenvolvimento econômico global.
Nota da edição: Teddy Kaberuka é analista econômico e consultor internacional de Ruanda.
As opiniões deste artigo são de responsabilidade da autoria e não refletem necessariamente as da Agência de Notícias Xinhua.