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Ajustes de construtores chineses em projeto de rodovia argelina mantêm restaurante centenário

Argel – À 60 km ao sul da capital da Argélia, Argel, o conhecido restaurante Monkey Creek, em Chiffa Gorge, tem uma longa história de mais de um século. Um mural de fotos no interior mostra personalidades famosas, incluindo Napoleão III, o Príncipe Philip e ex-líderes argelinos que visitaram o local, mas a peça central é uma placa chinesa que diz “Huan Ying Guang Lin” (Bem-vindo/a).

O proprietário Embarek Nadjem contou que o nome do restaurante, fundado em 1850, vem de um riacho adjacente e dos macacos da Barbária que habitam a área. Originalmente um posto de correspondência para viajantes das Montanhas Atlas, virou um ponto turístico após a independência da Argélia em 1962. Nadjem mencionou que cerca de 5.000 visitantes frequentam o estabelecimento diariamente nos fins de semana e férias de verão.

No entanto, há mais de uma década, o restaurante enfrentou uma possível demolição devido à construção da Rodovia Norte-Sul, destinada a substituir a estrada nacional original, que não conseguia suprir o aumento nos transportes. O projeto inicial proposto por uma equipe espanhola envolveu a demolição do restaurante, destruindo muita vegetação e afetando o habitat dos macacos da Barbária, que foram declarados ameaçados de extinção em 2008 pela União Internacional para a Conservação da Natureza.

Foi depois de a equipe da China State Construction Engineering Corporation (CSCEC), responsável pela construção do projeto, ter convencido a Agência Nacional de Estradas da Argélia a mudar o projeto que o restaurante sobreviveu.

Após negociações, a equipe do CSCEC propôs a construção de um túnel mais longo para cruzar as Montanhas Atlas pelo lado oeste do restaurante. O ajuste, embora desafiador, teve como objetivo preservar a vida selvagem e o meio ambiente, além de proteger os locais históricos.

Para Tan Xiaozu, gerente-geral do projeto do trecho Chiffa da Rodovia Norte-Sul, com 53 km de extensão, a mudança implicou passar o túnel por uma formação geológica significativamente maior e mais complexa.

Tan mencionou que o comprimento do túnel único foi estendido para 4,8 km. Ele lembrou que sua equipe levou um ano para montar a área de trabalho no túnel, sendo necessária uma dezena de escavadeiras e a remoção de 460 mil metros cúbicos de rochas.

Apesar dos desafios, foi inaugurado no final de 2020, reduzindo o tempo de viagem através das Montanhas Atlas em 60%. O primeiro-ministro argelino da época, Abdelaziz Djerad, elogiou o projeto como “tendo muito significado estratégico para a nação”.

Nadjem elogiou o projeto como uma “referência totalmente bem-sucedida”, não só pelo seu impacto nas viagens, mas pelo seu compromisso com a preservação do meio ambiente e do habitat dos macacos da Barbária, além de proteger o restaurante e as memórias locais.

Mohammed e sua família, residentes na cidade de Blida, que fica a cerca de 15 km do restaurante, têm uma longa conexão com o estabelecimento. Em entrevista à Xinhua, ele contou com carinho como, quando criança, seus pais costumavam trazê-lo a lazer. Atualmente, ele e sua esposa continuam essa tradição trazendo seus filhos ao adorado local.

Mencionando os filhos de Mohammed brincando no pátio e atraindo macacos com amendoins, Nadjem comentou que essas cenas não aconteceriam sem os ajustes dos construtores chineses no projeto da rodovia.

Ele mencionou que agora a placa chinesa “Huan Ying Guang Lin’ decora o restaurante, servindo como uma comemoração da amizade sino-argelina e da história da preservação ambiental. “É uma parceria de sucesso e um compromisso com a preservação do nosso patrimônio comum”, disse ele.

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