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Comentário: Como a Iniciativa do Cinturão e Rota impulsiona o desenvolvimento econômico e social do Quênia

Por Daniel Ooko e Li Hualing

Nairóbi – A vida dos quenianos melhorou após a implementação bem-sucedida da Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR) proposta pela China.

Dezenas de investidores chineses estabeleceram-se no Quênia, enquanto centenas de jovens estudantes quenianos viajaram para a China para estudar, a maioria com bolsas de estudo.

Os especialistas concordam que a ICR acelerou a adoção da tecnologia chinesa que atende aos desafios locais no Quênia e em muitos outros países africanos.

INFRAESTRUTURA

Em apenas uma década desde o lançamento da ICR, as empresas chinesas construíram portos e ferrovias e melhoraram os aeroportos no Quênia, catalisando os negócios devido à crescente demanda do setor.

Peter Kagwanja, CEO do Instituto de Política da África, um think tank regional sobre as relações China-África, disse que os setores de negócios e serviços do Quênia se beneficiaram rapidamente da melhoria da infraestrutura.

Os turistas que viajam entre a capital do Quênia, Nairóbi, e a cidade costeira de Mombaça, acharam o uso da Ferrovia de Bitola Padrão (SGR, em inglês) conveniente e acessível. Mais de 10 milhões de passageiros usaram os trens “Madaraka Express” que percorrem a rota desde seu lançamento em 2017, com o uso anual previsto para atingir um novo recorde de quase 3 milhões de passageiros em 2023, de acordo com a Kenya Railways Corporation.

Da mesma forma, o trem de carga da SGR se tornou a escolha preferida das empresas que buscam transportar suas cargas do Porto de Mombaça para o interior e além das fronteiras.

Os trens da SGR transportaram mais de 26 milhões de toneladas de carga desde que o serviço foi iniciado em 2018, de acordo com a Kenya Railways Corporation.

Esta foto tirada em 20 de setembro de 2023 mostra um trem com destino a Mombaça esperando na estação terminal de Nairóbi da ferrovia de bitola padrão (SGR, em inglês) Mombaça-Nairóbi, construída pela China, em Nairóbi, Quênia. (Xinhua/Han Xu)

“Um projeto como a SGR garantiu que o vínculo entre paz e desenvolvimento fosse estabelecido e sustentado”, disse Kagwanja. “O desenvolvimento da infraestrutura da ICR não apenas conecta o Quênia, mas também seus vizinhos e a região do Chifre da África, facilitando o comércio, o intercâmbio cultural e o desenvolvimento.”

A Via Expressa de Nairóbi, uma rodovia de quatro pistas projetada e implementada por empreiteiras chinesas no coração da cidade de Nairóbi, diminuiu o congestionamento de tráfego no corredor norte do Quênia, uma rota fundamental para o movimento de pessoas e exportações.

A via expressa de 27 km reduziu o tempo de viagem pela cidade de duas horas para 20 minutos, com mais de 20 milhões de veículos usando a via em apenas um ano, de acordo com a MOJA Expressway Company, a empresa que opera a rodovia com pedágio.

O governo do Quênia tem procurado reduzir as deficiências de infraestrutura no país, e esse projeto serve como um excelente exemplo do modelo de infraestrutura público-privada.

O jovem queniano David Maina Kamore é outro beneficiário da iniciativa. Após anos de estudos profissionais na China, Kamore retornou ao Quênia em 2014. Ele logo foi contratado pela China Aerospace Construction Group Co., Ltd, onde trabalha como engenheiro de transmissão. Kamore disse que faz parte de uma equipe que atualmente está realizando o Projeto de Expansão da Transmissão de Energia do Quênia, que visa ampliar o acesso ao fornecimento confiável de eletricidade para áreas anteriormente mal atendidas.

“Se não fosse pela ICR, muitos dos frutos do desenvolvimento que o Quênia e outros países africanos estão desfrutando não teriam sido possíveis, pelo menos não em um tempo relativamente curto”, disse Karani Muthamia, fundador e diretor do Centro de Ligação China-África.

Houve uma grande troca de conhecimentos e habilidades entre os especialistas chineses e locais no Quênia. “A China introduziu tecnologia moderna em todos os setores, formas mais baratas de executar projetos de desenvolvimento e, o que é mais importante, um período muito mais curto para a realização de projetos monumentais”, disse Muthamia.

ECONOMIA DIGITAL

A melhoria da infraestrutura digital deu início a uma nova fase de desenvolvimento na economia do Quênia: a conectividade com a Internet está mais eficiente; as empresas contam com sistemas modernos de tecnologia de telecomunicações; a governança foi transferida para plataformas eletrônicas; e os consumidores locais e internacionais podem comprar e vender produtos on-line.

Trabalhando com a gigante chinesa de tecnologia Huawei, a Safaricom, a maior operadora de telecomunicações móveis do Quênia, desenvolveu e lançou um sistema inovador de transferência de dinheiro móvel.

As empresas chinesas também estão ajudando o Quênia a desenvolver sua cidade tecnológica, Konza Technopolis, no Condado de Machakos, cerca de 60 km ao sul da capital, Nairóbi.

A instalação de infraestrutura de internet de alta velocidade e o fornecimento de dispositivos inteligentes de alta qualidade por empresas chinesas possibilitaram que os quenianos se envolvessem e fizessem negócios no país e além das fronteiras.

“A ICR ajudou a acelerar o desenvolvimento do Quênia, voltando aos fundamentos da construção econômica”, disse Abukar Arman, ex-diplomata somali, analista geopolítico e autor do livro Broken Camel Bells, em entrevista à Xinhua.

“Nenhum país poderia aumentar seu comércio, atrair investidores e desenvolver genuinamente sua economia sem certas infraestruturas essenciais. A China não apenas construiu infraestrutura de tecnologia da informação, mas também ferrovias, estradas pavimentadas, portos, hospitais, escolas e redes elétricas em toda a África”, disse Arman.

Um pesquisador do Centro de Pesquisa Conjunta Sino-África, afiliado à Academia Chinesa de Ciências (CAS, em inglês), ensina a queniana Teresiah Mungai a usar o aparato experimental no Jardim Botânico de Wuhan da CAS em Wuhan, Província de Hubei, no centro da China, em 21 de março de 2017.(Xinhua/Kang Kejing)

AGRICULTURA

A China também tem apoiado ativamente os países africanos na agricultura para aumentar a produtividade e construir uma forte defesa contra a insegurança alimentar.

No Quênia, o setor agrícola, um dos principais impulsionadores do crescimento, emprega de 65% a 70% da força de trabalho e normalmente responde por cerca de 30% do PIB, de acordo com o Banco Mundial.

A China tem apoiado a modernização do setor agrícola do Quênia, iniciando trocas frequentes de conhecimento e tecnologia entre as instituições agrícolas dos dois países.

As instituições chinesas criaram vínculos com os centros de pesquisa do Quênia para a criação de variedades de sementes de alto rendimento e o controle de doenças. Além disso, muitos estudantes quenianos viajaram para a China para estudar agricultura em várias universidades.

Originária do árido Planalto Loess da China, a tecnologia agrícola de semeadura de sulco duplo com filme completo foi aplicada à produção agrícola no Quênia com base nas condições locais para ajudar a aliviar o impacto da grave seca na produção de alimentos.

O Centro de Pesquisa Conjunta Sino-África está sediado na Universidade de Agricultura e Tecnologia Jomo Kenyatta, no Quênia. Lá, a China ajudou o Quênia a aprimorar talentos excepcionais em áreas como conservação da biodiversidade, agricultura de precisão e mitigação do clima.

Em novembro de 2022, pesquisadores das duas nações identificaram coletivamente maneiras de aumentar em 50% a produtividade de uma variedade de milho local cultivada em áreas secas.

Victoria Ngumi, vice-reitora da universidade, observou recentemente que a nova tecnologia de produção de milho no centro de pesquisa conjunta poderia aumentar ainda mais a segurança alimentar do Quênia e, ao mesmo tempo, proteger o meio ambiente.

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