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Grave seca na Amazônia leva rio Negro, sétimo maior do mundo, a seu menor nível histórico

Foto: Lucio Tavora/Xinhua

Rio de Janeiro – O rio Negro, sétimo maior rio do mundo em volume de água e principal afluente do rio Amazonas, atingiu nesta terça-feira seu menor nível registrado com apenas 13,49 metros, evidenciando a grave seca que vive a Amazônia, segundo informação do Porto de Manaus.

Trata-se do menor nível do rio desde 1902, quando começaram a ser feitas as medições, e de menos da metade de seu maior volume, registrado em 2021, quando chegou aos 30,02 metros.

A grave seca tem mostrado imagens inéditas dos rios, muitos deles praticamente secos e provocado a morte de milhares de peixes, além de dificultar a vida de milhares de pessoas, que só podem se deslocar por barcos que navegam pelos rios amazônicos.

A gravidade da seca levou o governador do estado do Amazonas, Wilson Lima, a declarar em setembro situação de emergência em 55 dos 62 municípios do estado. Atualmente, há 58 municípios do Amazonas em situação de calamidade e/ou emergência.

Em setembro, segundo a rede colaborativa de universidades, organizações não governamentais (ONGs) e a empresa de tecnologia MapBiomas, o Amazonas registrou a menor extensão coberta por água no estado desde 2018.

Os dados foram obtidos a partir de imagens de satélite dos sistemas LandSat e Sentinel e apontam uma superfície de água de 3,56 milhões de hectares, uma redução de 1,39 milhão de hectares em comparação aos 4,95 milhões de hectares registrados em setembro de 2022 — o nível cima da média histórica que é monitorada pela MapBiomas desde 1985.

Os pesquisadores da Mapbiomas também identificaram áreas severamente afetadas pela redução da superfície aquática incluindo a seca no Lago Tefé, que resultou na morte de mais de 100 botos.

As imagens de satélite revelam que lagos inteiros secaram em áreas de várzea na Reserva Extrativista Auatí-Paraná. A seca no Lago Coari também teve impactos significativos no acesso a alimentos, medicamentos e no calendário escolar.

“O impacto na biodiversidade aquática tem sido reportado em várias localidades, mas ainda não foi estimado, podendo atingir proporções alarmantes. Além disso, o (estado) Amazonas encontra-se com alta vulnerabilidade à queimadas, o que aumenta o risco às populações e à economia”, disseram os pesquisadores do MapBiomas.

“A grave seca no Amazonas em 2023 é atribuída a uma combinação do fenômeno do El Niño e aquecimento do Atlântico Norte, o que provoca uma seca intensa que pode se prolongar até janeiro de 2024. O estado do Amazonas é um dos mais afetados. No mês de setembro de 2023, cerca de 20 estações da rede hidrológica do rio Amazonas registraram condições de seca sendo que a metade delas estava no estado do Amazonas, afirmou a MapBiomas. 

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