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Tecnologia chinesa de transmissão de ultra-alta tensão ilumina cidades brasileiras

Beijing – Quando a noite cai, as luzes se acendem em São Paulo, no Rio de Janeiro e em outras cidades brasileiras. A linha de transmissão de corrente contínua de ultra-alta tensão (UAT) de ±800 quilowatts liga a hidrelétrica de Belo Monte, localizada no Pará, ao sudeste do país, iluminando as casas.

   A chinesa State Grid venceu a leilão do projeto em 2015 e concluiu sua construção em 2019. A linha Xingu-Rio, com 2.539 quilômetros de extensão, atravessa de norte a sul 5 estados e 81 cidades do Brasil. O fluxo de energia limpa aliviou bastante o problema da escassez de oferta energética na região sudeste do Brasil.

   A obra, que entrou em operação em outubro de 2019, forneceu uma “solução” para o problema de transmissão e consumo de energia de grande capacidade e longa distância no Brasil, disse Yu Ziniu à Xinhua, diretor do departamento de desenvolvimento de mercado da State Grid International Development Co., Ltd.

   Tanto a China quanto o Brasil têm uma distribuição inversa de bases de energia e centros de consumo.

   “Temos muita experiência em transmissão de corrente alternada e contínua de longa distância e em pesquisa de grandes redes de energia. O projeto bem-sucedido de transmissão da China que envia energia do oeste, rico em recursos, para regiões consumidoras de energia no leste é digna de referência para o Brasil”, disse Tu Jingzhe, engenheiro do Instituto de Pesquisa de Energia Elétrica da China.

   Num seminário organizado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico do Brasil, Tu discutiu com especialistas de vários países sobre questões como rede com várias ligações de corrente contínua de alta tensão e segurança e estabilidade da rede, e compartilhou as soluções técnicas da China.

   Na década de 1980, a China enviou técnicos ao Brasil para conhecer e estudar a usina hidrelétrica de Itaipu, acumulando experiência para a construção da Represa das Três Gargantas. Agora, com a introdução da tecnologia de transmissão de UAT da China, o Brasil realizou o grande projeto que descarrega a energia do norte para o sul.

   Em 2022, a taxa média da linha Xingu-Rio de disponibilidade energética do sistema de transmissão de corrente contínua de alta tensão atingiu 99,93%, com um volume de transmissão cumulativa anual de 18,3 bilhões de kWh.

   Até o momento, o projeto está em operação por quatro anos e mantém uma operação segura e estável, permitindo uma transmissão de energia hidrelétrica limpa de longa distância, grande capacidade e baixa perda. Até o final de agosto deste ano, um total de 70,341 bilhões de kWh de energia tem sido transmitido, beneficiando 22 milhões de brasileiros, o equivalente a 10% da população do país.

   Relembrando a construção da obra, Yu disse que o Brasil é um país vasto com um ambiente geográfico complexo. Como o projeto está localizado na Bacia do Rio Amazonas, a estação das chuvas na região que dura seis meses dificultava o transporte de equipamentos e materiais e a construção no local, além de colocar um desafio para a proteção ecológica.

   “Ajustamos a altura e o espaçamento das torres de acordo com a situação real, reduzimos a derrubada de árvores para proteger o ambiente ecológico e tomamos medidas para evitar a erosão do solo e evitar a poluição do rio com os sedimentos da obra”, disse ele.

   Além disso, a equipe contratou profissionais de resgate de animais para realocar e proteger a vida selvagem, como preguiças e tartarugas, e implementou cerca de 6.200 medidas de proteção animal e reflorestou 2 mil hectares de floresta.

   Enquanto isso, a companhia realizou também uma série de projetos de bem-estar social. Na comunidade quilombola da Malhadinha, no estado do Tocantins, nordeste do Brasil, a equipe de construção detectou as possibilidades de aproveitar as inúmeras frutas locais para construir uma fábrica de polpa de frutas, ajudando a resolver os problemas locais de emprego e água potável.

   “Aproveitando os incentivos fiscais do Brasil, também patrocinamos uma orquestra juvenil na favela da Maré, na zona norte do Rio, para ajudar as crianças a melhorar suas vidas por meio da música”, disse Yu Ziniu.

   Paulo Zerbati, diretor de UAT da State Grid Brazil Holding, destacou que “a colaboração e a troca de informações é essencial para tanto os brasileiros como a State Grid da China, e consigamos atingir o objetivo comum quando trabalhamos juntos”.

   Hu Biliang, presidente executivo do Instituto do Cinturão e Rota da Universidade Normal de Beijing, acredita que a participação da China na cooperação internacional de infraestrutura de energia com o Brasil é de grande importância para melhorar a capacidade industrial e as vidas do povo local, e também pode promover a construção de um sistema de rede de interconexão global e promover o desenvolvimento sustentável do mundo.

Agência Xinhua

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