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Observatório econômico: A experiência chinesa ajuda os países africanos a promover a urbanização sustentável

Vista do Parque da Amizade em Adis Abeba, Etiópia. Foto: Wang Ping

Nairóbi — Durante a segunda sessão da Assembleia do ONU-Habitat na capital do Quênia, os “ônibus verdes” que fornecem serviços de transporte aos delegados chamaram a atenção.

Os ônibus seguiram o tema da sessão que aconteceu de 5 a 9 de junho: “Um futuro urbano sustentável através de um multilateralismo inclusivo e eficaz: alcançando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em tempos de crise global”.

Uma das empresas que oferecem os serviços de ônibus é a startup BasiGo, do Quênia, que foi a primeira empresa a lançar ônibus elétricos no país, usando peças projetadas pela montadora chinesa BYD.

“A China é líder global em mobilidade elétrica, inspirando países africanos como o Quênia em sua busca por uma mudança dramática para modos de transporte menos intensivos em carbono”, disse Moses Nderitu, diretor de receita da BasiGo, acrescentando que as empresas chinesas estão abertas a compartilhando a mais recente tecnologia com seus parceiros.

A China tem, ao longo dos anos, compartilhado sua experiência em desenvolvimento urbano sustentável na África e em outras regiões em desenvolvimento, e contribui com sabedoria e soluções chinesas para melhorar o ambiente de vida das pessoas nos países africanos.

MOBILIDADE VERDE

Em janeiro, a primeira fase de um projeto de Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) elétrico construído pela China na cidade portuária de Lagos, na Nigéria, foi oficialmente aberta ap público.

Construídos pela China Civil Engineering Construction Corporation, os trilhos concluídos do projeto da Linha Azul do VLT de Lagos (LRMT, em inglês) alcançam 13 quilômetros de extensão na primeira fase e cobrem cinco estações.

Como um projeto simbólico da Iniciativa do Cinturão e Rota, o projeto da Linha Azul é a primeira ferrovia eletrificada e projeto de VLT com trecho marítimo na África Ocidental.

Babatunde Odejide, engenheiro de projetos ferroviários da Autoridade de Transporte da Área Metropolitana de Lagos, disse que o projeto da Linha Azul é uma grande obra-prima.

“Uma distância que antes levava 90 minutos para percorrer agora é percorrida em 20 minutos, o que é muito conveniente. Além disso, a Linha Azul é movida a eletricidade, uma modernização para uso de energia limpa, reduzindo assim as emissões nocivas, como fumaça de escapamento. Fico feliz em testemunhar isso. Isso torna nossa cidade mais vibrante”, disse Odejide.

O ex-presidente nigeriano Muhammadu Buhari descreveu o projeto como “histórico”, observando que reduzirá o congestionamento do tráfego e a poluição do ar, além de melhorar a vida dos habitantes locais.

Muitos países africanos estão atualmente passando por uma rápida onda de urbanização e, portanto, atormentados por “doenças urbanas”, como congestionamento do tráfego e poluição do ar.

Com a modernização dos sistemas de transporte público africanos, as viagens de baixo carbono tornaram-se gradualmente a primeira escolha da população local.

No Quênia, a via expressa de Nairóbi, construída pela China, ajudou a reduzir as emissões de carbono ao diminuir o tempo de viagem do sul ao oeste da capital de duas horas durante o horário de pico para 20 minutos.

Cerca de 50.000 veículos usam a rodovia de 27 km diariamente e, em abril deste ano, mais de 12,5 milhões de veículos viajaram nela desde sua inauguração em julho do ano passado, disse Steve Zhao, CEO da Moja Expressway Company, que administra a via moderna.

ENERGIA VERDE

Na Zâmbia, o presidente Hakainde Hichilema comissionou em março uma usina hidrelétrica construída pela China, após a ativação do quinto gerador da usina.

Os cinco geradores da Usina Hidrelétrica Kafue Gorge Lower, construída pela empresa chinesa Sinohydro Corporation Ltd., acrescentaram 750 megawatts à rede nacional do país.

Hichilema disse que a conclusão do projeto não é boa apenas para o setor de energia do país, mas também para a economia como um todo, já que a energia é um motor crítico da nação.

Fidelity Sindolo, proprietária de um salão em Lusaca, capital da Zâmbia, disse que o fornecimento de energia melhorou desde que a usina hidroeléctrica começou a gerar electricidade, permitindo-lhe servir mais clientes.

“Graças ao fornecimento de energia melhorado, sete ou oito novas lojas abriram nesta rua este ano, incluindo bares, supermercados e bancas de vegetais”, disse Sindolo.

A África está lutando contra os efeitos das mudanças climáticas. Portanto, desenvolver energia verde é uma escolha inevitável para o continente alcançar o desenvolvimento sustentável.

Embora a África seja rica em recursos energéticos renováveis, como hídricos, solares e eólicos, a exploração deles é atualmente baixa.

A China está ajudando a África a explorar os recursos. Por exemplo, em De Aar, uma cidade na província sul-africana do Cabo Setentrional, a empresa chinesa Longyuan Power fez parceria com empresas locais para estabelecer um projeto de energia eólica que está em operação desde 2017, com uma capacidade instalada de cerca de 245 megawatts.

No Quênia, os números oficiais mostraram que a capacidade instalada de energia solar é superior a 100 megawatts, enquanto a Usina Solar de Garissa, financiada pela China, responde por 50 megawatts. Localizada no condado de Garissa, no norte do Quênia, é a maior usina de energia solar conectada à rede na África Oriental e Central.

Costantinos Berhutesfa Costantinos, professor de políticas públicas na Universidade de Addis Abeba, na Etiópia, disse que o multilateralismo dá o tom para o apoio da China à África no desenvolvimento de fontes de energia limpa. “A China ajudou a Etiópia e outros países africanos no processo de transformação verde de baixo carbono”, disse o professor.

AMBIENTE VERDE

Em apenas 11 meses, uma empresa chinesa transformou um terreno baldio na Etiópia em um parque verde que agora abriga uma das maiores e mais funcionais praças urbanas da África.

Denominado “Parque da Amizade”, é uma parte importante da primeira fase do projeto de desenvolvimento verde ribeirinho de Adis Abeba, financiado pela China.

O projeto integra paisagismo, arquitetura, administração municipal, estradas, conservação de água e um jardim, e é realizado pela China First Highway Engineering Co., Ltd. (CFHEC).

Wei Qiangyu, gerente geral do escritório da CFHEC na Etiópia, disse que o projeto de desenvolvimento verde ribeirinho introduz o conceito chinês de “águas lúcidas e montanhas exuberantes são ativos inestimáveis” na Etiópia, ganhando popularidade ao administrar o ambiente urbano e desenvolver o turismo para impulsionar a economia , embarcando assim em um caminho de desenvolvimento verde e sustentável.

Na Guiné Equatorial, o Projeto de Tratamento de Esgoto Urbano de Malabo é o maior projeto municipal de engenharia investido pelo governo e construído pela China Gezhouba Group Company.

Desde a conclusão do projeto em 2018, a qualidade do efluente da estação de tratamento de água atingiu os padrões de descarte.

“Antes da construção do projeto de tratamento de esgoto, havia água suja em todo lugar. Agora nossa água potável não está poluída e é segura para beber. Temos muito menos casos de febre tifóide, malária e outras doenças”, disse Celestino Ncogo Ndong Oyana, um morador de Malabo, capital da Guiné Equatorial.

Maimunah Mohd Sharif, diretor executivo do Programa para os Assentamentos Humanos das Nações Unidas, disse que a China tem sido pioneira na regeneração urbana no passado recente, inspirando o Sul Global, onde as cidades estão crescendo rapidamente, a seguir.

Sharif espera que Beijing continue facilitando o fluxo de tecnologia e know-how para os planejadores urbanos, engenheiros e investidores locais da África para promover o desenvolvimento urbano sustentável no continente.

Vista do Parque da Amizade em Adis Abeba, Etiópia. Foto: Wang Ping
Vista do Parque da Amizade em Adis Abeba, Etiópia. Foto: Wang Ping
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