Nações Unidas — O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, pediu na segunda-feira a extensão da Iniciativa Grãos do Mar Negro, que permite a exportação de grãos ucranianos e outros produtos agrícolas dos portos do Mar Negro.
Os alimentos exportados sob a iniciativa – e as exportações de alimentos e fertilizantes da Rússia – continuam a dar uma contribuição crucial para a segurança alimentar global, já que mais de 30 milhões de toneladas métricas de carga foram exportadas com segurança da Ucrânia sob a iniciativa, disse ele ao Conselho de Segurança em um briefing.
As exportações incluem cerca de 600.000 toneladas métricas de trigo transportadas pelo Programa Alimentar Mundial, em apoio direto a operações humanitárias no Afeganistão, Etiópia, Quênia, Somália e Iêmen, disse ele.
A última análise da FAO indica que os preços globais dos cereais caíram quase 20% nos últimos 12 meses. No mês passado, os preços internacionais do trigo atingiram seu nível mais baixo desde julho de 2021, impulsionados em parte pelo movimento contínuo de grãos ucranianos e por grandes quantidades disponíveis para exportação na Rússia e em outros locais, disse Griffiths.
“Este é um progresso inegável. Mas ainda há muito mais a ser feito. Suprimentos previsíveis para operações de assistência alimentar humanitária continuam sendo necessários”, disse ele por meio de um link de vídeo de Genebra.
A Iniciativa Grãos do Mar Negro refere-se à exportação de amônia russa do porto ucraniano de Odessa. Mas isso ainda não foi feito. No mês passado, houve uma redução nos volumes de exportações saindo dos portos ucranianos do Mar Negro, devido à dinâmica desafiadora no Centro Conjunto de Coordenação em Istambul criado pela iniciativa, observou Griffiths.
“Nas últimas semanas, e na semana passada em particular, nos envolvemos em discussões intensas com as partes da Iniciativa do Mar Negro, para garantir um acordo sobre sua extensão e as melhorias necessárias para operar de maneira eficaz e previsível”, disse ele.
A Iniciativa Grãos do Mar Negro foi assinada separadamente pela Rússia e Ucrânia em Istambul com a Türkiye e as Nações Unidas em 22 de julho de 2022. O acordo, inicialmente em vigor por 120 dias, foi prorrogado em meados de novembro de 2022 por mais 120 dias até 18 de março de 2023. Nesse ponto, a Rússia concordou apenas em estender o acordo por mais 60 dias, até 18 de maio de 2023.
Como um acordo paralelo, a Rússia e as Nações Unidas assinaram um memorando de entendimento sobre a facilitação das exportações de alimentos e fertilizantes russos.
Uma reunião quadrilátera de alto nível foi realizada na semana passada em Istambul, na Türkiye, para discutir a extensão da Iniciativa Grãos do Mar Negro.
Esses esforços continuarão nos próximos dias, disse Griffiths.
“A continuação da Iniciativa do Mar Negro é extremamente importante, assim como o novo compromisso das partes com sua operação tranquila e eficiente. Continuaremos a convocar todas as partes a cumprir suas responsabilidades enquanto o mundo observa de perto”, disse ele.
É claro que o povo da Ucrânia e milhões em todo o mundo não podem sofrer uma continuação da crise na Ucrânia. Mais do que nunca, eles precisam do fim das hostilidades e de uma solução política para acabar com o conflito, afirmou. “Peço a este conselho e a todos os Estados membros (da ONU) que apoiem todos os esforços para acabar com a carnificina e a destruição. Enquanto isso, as Nações Unidas e seus parceiros humanitários continuam comprometidos em salvaguardar a vida e a dignidade das pessoas afetadas pela guerra e na busca pela paz – hoje, amanhã e pelo tempo que for necessário.”
O ambiente operacional humanitário continua complexo e perigoso. “No entanto, graças à coragem dos trabalhadores humanitários, as Nações Unidas e seus parceiros continuam a fornecer assistência para salvar vidas nas áreas da linha de frente e em outros lugares da Ucrânia”, disse Griffiths.
Quase 3,6 milhões de pessoas receberam assistência humanitária na Ucrânia no primeiro trimestre de 2023. Isso inclui pessoas que receberam assistência em dinheiro, alimentos, cuidados de saúde e apoio aos meios de subsistência. Cerca de 43 frotas interagências entregaram suprimentos para cerca de 280.000 pessoas nas áreas de linha de frente até agora este ano, com parceiros locais conduzindo entrega e distribuição de última milha, disse ele.
“É imperativo que exploremos todas as opções para alcançar os civis, onde quer que estejam”, disse ele. “De acordo com o Direito Internacional Humanitário, todas as partes devem permitir a passagem segura, rápida e desimpedida de ajuda humanitária para os civis necessitados e devem garantir que o pessoal tenha a liberdade de movimento necessária para o seu trabalho. Exorto as partes a reforçar e fortalecer os esforços de facilitação para podemos alcançar todos os civis necessitados.”
