Por Sana Kamal
Gaza — Sharif al-Tamimi e outros palestinos que cultivam azeitonas em partes da Cisjordânia sob o domínio israelense começaram a temporada de colheita mais difícil do que a anterior, já que demorava ainda mais para ter as aprovações de segurança israelenses.
Como morador de Tel Rumeida, uma cidade palestina próxima à cidade de Hebron, al-Tamimi cultiva 3,5 hectares de oliveiras na Área C da Cisjordânia, que está sob total controle de segurança e administração israelense.
“A cada ano, as autoridades israelenses reforçam os requisitos de autorização para que eu e meus vizinhos colhamos nossas oliveiras”, disse à Xinhua o homem de 42 anos, pai de quatro filhos.
A temporada de colheita local geralmente começa em meados de outubro e dura cerca de 45 dias, mas este ano, al-Tamimi precisa correr contra o tempo para colher as azeitonas, já que levou quase um mês para conseguir uma licença israelense para fazer isso.
Uma licença não será suficiente. “Antes de chegar à nossa terra, precisamos ir à muitos postos e portões eletrônicos, quando várias vezes não conseguimos passar por eles porque os soldados pedem que voltemos para casa”, explicou ele.
Incapaz de irrigar e fazer a colheita a tempo, o rendimento acaba sendo baixo.
“Só posso coletar cerca de uma tonelada de azeitonas, menos de 80 por cento do ideal”, disse ele.
“Os israelenses estão fazendo o possível para forçar os moradores palestinos a deixar suas terras e permitir que os colonos vivam lá”, disse o vizinho de al-Tamimi, Akram Abu Shakhdam, outro olivicultor da Área C.
No entanto, acrescentou, “nunca abriremos mão do direito de defender nossas terras de todas as formas que tivermos.
Eisa Amro, coordenadora da organização não-governamental Youths Against Settlement, disse à Xinhua que a agricultura palestina nas áreas B e C na Cisjordânia “sofre há muito tempo com a apreensão de terras e a expansão de assentamentos por Israel em um esforço para tornar a ocupação um território estabelecido”.
Segundo os acordos de paz assinados entre Israel e os palestinos na década de 1990, a Cisjordânia foi dividida em três áreas, com a Área A sob total segurança e controle administrativo da Autoridade Palestina (AP), a Área B sob controle conjunto de segurança israelense e o governo administrativo AP, e a Área C sob total controle israelense.
Nos territórios palestinos, a olivicultura gera uma renda estimada de 800 a 900 milhões de dólares americanos anualmente, contribuindo com 20 a 25 por cento da economia palestina total, de acordo com os ministérios palestinos de economia e agricultura.
Na Faixa de Gaza, a situação é um pouco mais fácil, pois a atual temporada de colheita é abundante e os agricultores podem fazer suas colheitas sem obstáculos.
“Colhi cerca de 90 por cento das minhas oliveiras após anos de declínio da minha produção devido às duras condições climáticas e outras razões”, disse Mohammed Abu Rujeila, um agricultor local que possui uma terra de 30 hectares na cidade de Khan Younis, ao sul de Gaza.
Adham El-Bassiouni, porta-voz do Ministério da Agricultura palestino em Gaza, disse à Xinhua que cerca de 43.000 hectares de terra são plantados com oliveiras no enclave costeiro palestino.
“Cerca de 35.000 hectares deles são frutíferos. Cada hectare pode produzir pelo menos uma tonelada de azeitona e isso é suficiente para o consumo do enclave costeiro”, observou ele.