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Centenas de anos depois, porcelanas do teto do Palácio de Santos retornam para China digitalmente

Beijing/Nanchang, 18 mai – A sala das porcelanas, no Palácio de Santos, em Portugal é uma obra cultural cerâmica mundialmente famosa. Os tetos do Palácio de Santos são decorados com 272 pratos da porcelana chinesa, dos quais a maioria é do tipo azul e branca produzida em Jingdezhen durante a Dinastia Ming. Em 18 de maio, essas valiosas peças retornaram para sua terra natal de forma digital.

Uma cerimônia de doação online foi realizada nesta quarta-feira entre o Museu Guimet (Museu Nacional de Arte Asiática da França) e o Museu do Forno Imperial de Jingdezhen. A cúpula da sala das porcelanas, no Palácio de Santos, foi instalada no local panorâmico do Forno Imperial Taoyangli de Jingdezhen por meio de um dispositivo de reprodução virtual.

A cena digital, reproduz claramente a cúpula da sala das porcelanas. Quando os visitantes entram no espaço de exposição, podem ver as peças de porcelana iluminadas ordenadamente no teto em forma de pirâmide. As quatro paredes do teto são como lindas “flores de porcelana” em pleno desabrochar. O centro de cada flor é um grande prato de porcelana cercado por oito a dez pequenos pratos também de porcelana, criando um efeito visual incrível.

“Este lote de porcelanas data de um longo período de tempo, do final do século XV até o início do século XVIII, sendo um produto fino das porcelanas de exportação de Jingdezhen. Essas porcelanas também são mencionadas em muitos documentos e pinturas a óleo europeus”, disse Weng Yanjun, curador do Museu do Forno Imperial de Jingdezhen.

Por exemplo, o grande prato com galhos e flores emaranhados da Dinastia Ming tem o mesmo método de pintura de flores e folhas que a porcelana na famosa pintura a óleo, a Festa dos Deuses, comparou Weng.

Com a ascensão da Era dos Descobrimentos, um grande número de porcelanas chinesas entrou na Europa e se tornou um luxo disputado pela alta classe. Desde a segunda metade do século XVII, com a predominância do belíssimo estilo barroco, a moda de salões de exposição com porcelanas surgiu entre famílias reais e nobres da Europa.

Normalmente, as porcelanas eram colocadas em armários ou penduradas na parede de maneira cuidadosa, mas era raro que todo o teto fosse embutido como o Palácio de Santos. Sua cúpula da sala das porcelanas reflete o gosto estético e as técnicas decorativas dos europeus daquele período, testemunhando também o profundo impacto da porcelana chinesa na sociedade e cultura europeias no passado.

O antecessor do Palácio de Santos era um convento, que foi transformado em residência palaciana no século XV. Posteriormente, a nobre família portuguesa Lancaster moldou este palácio tal como o conhecemos hoje, colocando esses transoceânicos pratos de porcelana de Jingdezhen.

Em 1909, o governo francês adquiriu o Palácio de Santos, que se tornou a Embaixada da França em Portugal em 1948. Devido à reforma da embaixada, esses requintados pratos de porcelana chinesa foram removidos pela primeira vez em centenas de anos. Em 2019, o Museu Guimet liderou o projeto de reprodução digital e virtual dos pratos.

“As porcelanas de Jingdezhen representavam a vanguarda da China na globalização do comércio naquela época”, disse Cao Huizhong, pesquisadora do Museu Guimet. O lote de porcelanas foi testemunha de que há 500 anos no início da Era dos Descobrimentos, os portugueses foram os primeiros europeus que chegaram à Ásia e à China, inaugurando o comércio marítimo entre a China e a Europa, de acordo com ela.

Agência Xinhua

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