Beijing, 18 mar – A simplicidade, na física, é simplesmente bela. Astrônomos chineses, usando dispositivos incluindo o radiotelescópio mais sensível do mundo, identificaram um único parâmetro para descrever as misteriosas explosões de rádio que se repetem rapidamente e que vêm de muito além da Via Láctea.
O estudo publicado nesta sexta-feira na revista Science revela se esses repetidores vêm com polarização, um fenômeno em que as ondas oscilam em mais de uma direção, dependendo de suas frequências.
As rajadas rápidas de rádio (FRBs, em inglês) são transientes astronômicos de duração de milissegundos mais brilhantes em bandas de rádio com origens ainda desconhecidas.
A equipe de pesquisa liderada por Li Di dos Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências (NAOC, em inglês) analisou as propriedades de polarização de cinco fontes de FRB repetidas usando o Radiotelescópio Esférico de Abertura de Quinhentos Metros (FAST, em inglês) na China e o Telescópio Robert C. Byrd Green Bank (GBT, em inglês) nos Estados Unidos.
Eles descobriram que a polarização linear dessas FRBs tende a despolarizar em direção às frequências mais baixas, o que pode ser bem descrito por um único parâmetro, ou seja, dispersão da medida de rotação.
Com o FAST, foram detectadas 1.652 rajadas independentes de uma única fonte de FRB de repetição, mas todas sem polarização.
“A não detecção de polarização linear é uma norma e não uma exceção com o FAST em sua banda entre 1,0 a 1,4 GHz, apesar de sua sensibilidade incomparável”, informou Li, autor correspondente do artigo.
Em contraste, a FRB 121102, uma fonte FRB de repetição descoberta pelo Rádiotelescópio de Arecibo nos dados de 2012, possui um alto grau de polarização com uma dispersão de medida de rotação correspondente extremamente grande, sendo um produto da densidade de elétrons e da força do campo magnético ao longo da linha de visão.
O sinal de pulso pode perder parte ou toda a sua polarização à medida que os fótons são agregados pelo receptor do telescópio, mas tal efeito é maior nas ondas de luz de menor frequência, o que explica porque a polarização não foi detectada no FAST, segundo o estudo.
A polarização de FRBs que passaram por regiões que colocam suas próprias marcas particulares pode revelar informações cruciais sobre suas origens, explicaram os pesquisadores.
A simples explicação com um parâmetro livre revelado pelo estudo pode ajudar a desvendar em dois ou três anos o mistério da origem de FRBs, afirmaram.